Portugal está nos quartos de final. Os portugueses exaltam e estamos todos orgulhosos daquele grupo de pessoas que jogam futebol, esse desporto que todos criticam um pouco por todo o lado. Cada jornal português on-line que se preze contem uma panóplia de comentários de pessoas a criticarem que estejamos contentes por Portugal jogar bem futebol e não nos preocuparmos (que em português significa "ficarmos tristes") com os problemas que o pais atravessa. O nosso povo só está bem estando mal, esta contradição é a sina do português. Se as pessoas se dessem ao trabalho de pensar que trabalhando e acreditando que poderão ter alguma coisa melhor para elas, e consequentemente para o pais, seríamos todos muito mais felizes. Eu defendo que se acreditamos muito numa coisa poderemos consegui-la, não como num filme americano, na vida real e em coisas simples e praticas. O português em vez de lutar por algo melhor, contenta-se com uma constante lamuria vergada aos seus problemas.
Adoro a lógica seguida de que não posso ficar contente com as vitórias da selecção porque os camionistas bloqueiam as estradas do pais. Adoro que se critiquem os emigrantes por vibrarem com a selecção só porque não estão em Portugal. Em vez de festejar as vitorias de Portugal em paris devia estar numa estrada qualquer do nosso pais dentro de um camião ou então a falar com o governo (porque é sempre culpa dele) sobre o mau estado da minha conta bancária e dos buracos que tenho lá na rua do meu bairro. Tenho uma boa expressão para vocês (e perdoem-me o português, sou emigrante): Vão se foder.
Olhem para o Cristiano Ronaldo, que no auge da ignorância de alguém que não teve oportunidades de estudar em colégios e/ou universidades, acreditou que podia ser o melhor jogador de futebol do mundo. E é. Porque trabalhou para isso, porque nunca se sentiu inferior a ninguém, aquela "arrogância" até lhe fica bem, ele tem orgulho no que faz. Se cada um de vocês tivesse orgulho no seu trabalho, seja ele limpador de ruas, seja CEO de uma qualquer empresa grande, talvez os camionistas não estivessem a bloquear as estradas e eu não estivesse em Paris. E não me venham dizer que o Ronaldo (ou outro qualquer jogador de futebol) só trabalha assim porque ganha muito dinheiro. Acham mesmo que ele não gosta de jogar futebol? Acham que ele quando tinha 12 ou 13 anos pensava ganhar o que ganha hoje? Acham que a motivação dele para ser o melhor do mundo e ganhar o europeu com Portugal é o dinheiro? Não me lixem. O dinheiro ajuda (a todos, não só aos jogadores de futebol), mas ninguém pode pagar ouvir da boca dos franceses e alemães que o melhor jogador do mundo é ele, o NOSSO Cristiano.
Concluindo, o futebol hoje em dia em Portugal poderia (mesmo depois do Euro 2004) ser o mote para o nosso povo começar a ter algum orgulho e vontade de mudar as coisas para melhor, a todos os niveis. Eu sei que o mundo não é cor-de-rosa, existem casos verdadeiramente complicados, mas o mundo também não será com certeza negro. Por isso, vou continuar a acompanhar a selecção com orgulho, com o meu equipamento, em Paris com os portugueses que mal falam português, a apitar o meu apito e a ouvir de todos os que trabalham comigo os parabéns pelas vitórias.
quinta-feira, 12 de junho de 2008
Porquê Portugueses?
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